Juliana Diniz é Ginecologista e Obstetra pela UNICAMP, e especialista em endoscopia ginecológica. Ela é professora de vários cursos da SIMM e está com a gente desde o começo. Além de GO brilhante, é uma baita clínica, e manda muito bem em emergências!
Hoje ela vai orientar o “amigo de plantão” como proceder frente a uma gestante em trabalho de parto. Confira os highlights abaixo!
Abordagem inicial do trabalho de parto
– Sinais vitais da mãe e do feto. Se tiver sonar ou cardiotocografia (menos provável), o normal é a frequência cardíaca do feto entre 110 e 160 bpm.
– Confirmar o trabalho de parto – Contração é intermitente e dura cerca de 30-60 segundos. A contração começa com intervalo de 10 minutos entre os episódios e vai se aproximando até em torno de 3 em 3 minutos. Dor contínua e abdome rígido deve levantar outras hipóteses (descolamento prematuro de placenta com hipertonia uterina, por exemplo).
– Checar cartão da gestante – Idade gestacional, história de gestações prévias, comorbidades (diabetes gestacional? Hipertensão?), posição da placenta e do feto, sorologias, etc.
– Perguntar sobre perda de líquido, sangramentos, etc.
– Toque vaginal para avaliar quão avançado está o trabalho de parto. Pequenas dilatações podem significar que é possível a transferência da paciente. Grandes dilatações, principalmente com o RN “coroando” ao toque, indicam que não deve dar tempo de transferir para serviço com GO.
O parto
– Chamar ajuda! Você vai precisar de outro médico para receber o RN
– Se paramentar – Capote, luva estéril, pacote de compressa à mão
– Posicionar a paciente (preferencialmente posição ginecológica, alternativas são em 4 apoios e de lado)
– Resumo do parto cefálico: Delivrar a cabeça, avaliar circular de cordão, delivrar os ombros (anterior e posterior)
– Delivramento da cabeça do RN começou a sair – Lentificar a saída com leve força contrária à saída da cabeça, para que o delivramento seja mais sutil.
– Se houver circular de cordão frouxa, desfazê-la. Se for muito justa, clampeia em dois pontos e corta o cordão no meio.
– Delivramento dos ombros – Aqui pode haver dificuldade em delivrar os ombros (distócia de ombros).
– Duas manobras fáceis para distócia de ombros: Pressão suprapúbica + Flexionar as pernas da paciente (manobra de McRoberts). Outra possibilidade é tentar colocar a paciente em 4 apoios.
A dequitação
– Mantenha o bebê junto com a mãe, no pele-a-pele. Não precisa ter pressa para cortar o cordão umbilical. Pode esperar ele parar de “bater”. Então, clampear (com pinça – Kocher, Kelly, etc) em dois pontos próximos e cortar no meio.
– Tração controlada do cordão! Força excessiva faz eversão uterina. Pode demorar até 30 minutos! Enquanto traciona controladamente, faça massagem uterina (massagem suprapúbica).
– Profilaxia de hemorragia pós-parto: Realizar ocitocina 10U IM. Não tem ocitocina? Faça massagem uterina.
– Reveja se há cotilédones faltando na placenta.
Após o parto
– Reveja o trajeto para ver se há lacerações. Se lacerações pequeninas ou dúvida, transferir imediatamente para a maternidade. O binômio mãe-bebê precisa de encaminhamento para serviço especializado.
– Se houver laceração importante, principalmente com sangramento ativo, contenha o sangramento. Pode ser necessário anestesiar e dar pontos.