Hugo é ortopedista formado pelo IOT-USP, foi preceptor também no IOT e tem subespecialização em Ortopedia do Esporte. Além de ser um ortopedista e professor sensacional, é administrador do @e.osso , página que discute esportes e lesões esportivas de maneira super diferenciada!
Hoje o Hugo te conta o que você pode fazer quando presenciar um trauma de tornozelo durante a prática de atividade física. Confira os highlights abaixo!
Atendimento ao entorse de tornozelo ainda em campo:
– Pesquisar sinais de fratura/luxação (deformidade evidente, pé em rotação
– NÃO PIORAR A LESÃO (evitar manipulações desnecessárias, pelo risco de lesão vascular e exposição de uma fratura)
– Pesquisar sinais de lesão neurovascular evidente (ausência de pulso, parestesia importante, etc) → Se houver sinais de lesão neurovascular, procurar redução simples para alinhamento do membro (alinhar o membro com cuidado para tentar corrigir acotovelamento dos vasos e nervos).
– Imobilização com o que tiver disponível!
– Gelo pode ajudar! Faz vasoconstrição (reduz edema e sangramento) e reduz condução nervosa (melhora a dor).
Chegou no hospital, descartar fratura!
– Descartar fratura!
– Em quem fazer radiografia? Pode
– Sempre tirar a imobilização para realização de radiografia!
Exame clínico do tornozelo
– Começar pela cabeça da fíbula → Pode haver fratura associada ao entorse pela dissipação de energia
– Palpar todas as proeminências ósseas da perna (tíbia e fíbula)
– Apertar a região entre a tíbia e a fíbula, na parte superior (pode desmascarar lesão de sindesmose)
– Palpar os dois maléolos
– Palpar a base do metatarso (pode ter fratura do quinto metatarso!)
Regra de Ottawa
– Te ajuda a decidir quem precisa definitivamente da radiografia para descartar fratura (vai depender dos seus recursos o quão seletivo você vai ser)
– Sempre fazer se:
– Incapacidade de carga
– Dor nos maléolos e nos 6cm de distância
– Dor à palpação das estruturas ósseas do pé (navicular, base do metatarso)
– Na dúvida, sempre radiografar!
O que radiografar
– Uma estrutura acima e uma abaixo!
– Tornozelo, perna (“acima”) e pé (“abaixo”)
Estimando gravidade pela clínica
– Chega bem, consegue apoiar o pé → Deve ser leve
– Equimose, não apoia o pé no chão, edema importante → Deve ser de maior grau!
Tratamento clínico = PEACE & LOVE (antigo PRICE!)
– O PEACE & LOVE
Proteção
Elevação (ajuda no edema)
Avoid NSAIDs (evitar anti-inflamatórios)
Compressão
Educação
&
Load (carga)
Otimismo (sim, faz parte do protocolo)
Vascularização (exercícios sem carga para otimizar a chegada do sangue na região)
Exercícios de reabilitação
A imobilização
– Imobilização sempre para alto grau (robofoot ou tala) → Por 7 a 14 dias para ajudar na cicatrização
– Pode imobilizar lesão de baixo grau se muita dor (função analgésica)
– Proteção da carga → Carga otimizada, pisar no chão conforme tolerado. Se muito sintomático, muletas podem ajudar. Se imobilizado com robofoot, pode pisar com auxílio do robofoot. Se feita tala gessada, não pisar no chão.
A reabilitação precoce
– Ajuda na vascularização da lesão e potencialmente ajudando na recuperação
– Reabilitação assim que possível (vai depender do grau de sintomas)
– Se sinais de lesão de alto grau (edema muito importante, instabilidade) → Reabilitação com especialista
– Sem sinais de lesão de alto grau → Exercícios progressivos após conseguir pisar no chão (alongamento de flexão e extensão, depois de 1 semana latero-lateral com lençol).
Evitar anti-inflamatórios???
– Sim! Pode e deve fazer analgesia, mas evitar anti-inflamatórios para impedir efeitos potencialmente deletérios na cicatrização
Conduta resumida do entorse leve
– Sem imobilização exceto se muita dor
– Gelo 20 minutos de 3 em 3 horas
– Carga conforme tolerado (pode pisar no chão!)
– Não precisa de ressonância (não muda a conduta!)
– Analgesia
– Reabilitação precoce → Pisou sem dor? Alongamento de flexão e extensão por 1 semana. Após uma semana, se estiver sem dor, exercícios latero-laterais com lençol. Se mantiver dor após 2-3 semanas, consulta com especialista.